Herberto Helder
Herberto Helder de Oliveira foi um poeta português, considerado por alguns o 'maior poeta português da segunda metade do século XX' e um dos mentores da Poesia Experimental Portuguesa.
1930-11-23 Funchal
2015-03-23 Cascais
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Poemas Zen
Para poder caminhar através do infinito vazio,
a vaca de aço deve transpirar.
A verdade é como um tigre que tivesse muitos cornos,
ou então como uma vaca a que faltasse o rabo.
De tarde o galo anuncia a aurora,
brilha o sol vivamente à meia-noite.
As palavras não fazem o homem compreender,
é preciso fazer-se homem para entender as palavras.
Se tirares água, pensarás que as montanhas se movem;
se levantares o véu, verás a fuga das falésias.
Cantam ã meia-noite os gaios de madeira,
e os cães de palha ladram para o céu límpido.
Se acaso vires na rua um homem iluminado,
não o abordes com palavras, não o abordes com silêncio.
Conduz o teu cavalo sobre o fio de uma espada,
oculta-te como puderes no meio das labaredas.
Há tantos anos vive o pássaro na gaiola
que hoje pode voar por entre as nuvens.
Quando o peixe se move, turvam-se as águas;
quando o pássaro voa, uma pena.
No fundo das montanhas está guardado um tesouro
para aquele que nunca o procurar.
As colinas são azuis por elas mesmas;
por elas mesmas, brancas são as nuvens.
Sentada calmamente sem coisa alguma fazer.
aparece a primavera, e cresce a erva.
Os rochedos levantam-se no céu,
o fogo brilha no fundo das águas.
Colhe flores, e as tuas vestes ficarão perfumadas;
tira água, e a lua estará nas tuas mãos.
O vento pára, as flores caem, um pássaro canta
— a montanha conserva o seu mistério.
a vaca de aço deve transpirar.
A verdade é como um tigre que tivesse muitos cornos,
ou então como uma vaca a que faltasse o rabo.
De tarde o galo anuncia a aurora,
brilha o sol vivamente à meia-noite.
As palavras não fazem o homem compreender,
é preciso fazer-se homem para entender as palavras.
Se tirares água, pensarás que as montanhas se movem;
se levantares o véu, verás a fuga das falésias.
Cantam ã meia-noite os gaios de madeira,
e os cães de palha ladram para o céu límpido.
Se acaso vires na rua um homem iluminado,
não o abordes com palavras, não o abordes com silêncio.
Conduz o teu cavalo sobre o fio de uma espada,
oculta-te como puderes no meio das labaredas.
Há tantos anos vive o pássaro na gaiola
que hoje pode voar por entre as nuvens.
Quando o peixe se move, turvam-se as águas;
quando o pássaro voa, uma pena.
No fundo das montanhas está guardado um tesouro
para aquele que nunca o procurar.
As colinas são azuis por elas mesmas;
por elas mesmas, brancas são as nuvens.
Sentada calmamente sem coisa alguma fazer.
aparece a primavera, e cresce a erva.
Os rochedos levantam-se no céu,
o fogo brilha no fundo das águas.
Colhe flores, e as tuas vestes ficarão perfumadas;
tira água, e a lua estará nas tuas mãos.
O vento pára, as flores caem, um pássaro canta
— a montanha conserva o seu mistério.
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