Herberto Helder
Herberto Helder de Oliveira foi um poeta português, considerado por alguns o 'maior poeta português da segunda metade do século XX' e um dos mentores da Poesia Experimental Portuguesa.
1930-11-23 Funchal
2015-03-23 Cascais
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Um Espelho
Um espelho, uma trama de diamante onde a cabeça
friamente brilhasse.
— O fulgor molecular de uma imagem.
Arde alto como as torres de calcário.
Como arde um animal, a sua coroa, a rosa
entranhada na carne.
A rosa.
Esse terrífico volume, esse
cometa fundo
à cara. Que luzisse como um braço no espectáculo
do corpo. O corpo minado pelo
sistema do sono. E nesta luz, a fronte com o corno
soldada ao rosto. Os tremendos domínios do sangue, massa
fechada com uma áscua no centro.
A cabeça que emerge de um esplendor
tumultuoso, um
estrangulamento. E em baixo o coração bombeia
a água
estancada no escuro. O pavor do mundo.
“La beauté sbuvre les veines
et en meurt.” Uma estrela enorme, um sorvo.
O inferno é branco, tem um espelho dentro.
friamente brilhasse.
— O fulgor molecular de uma imagem.
Arde alto como as torres de calcário.
Como arde um animal, a sua coroa, a rosa
entranhada na carne.
A rosa.
Esse terrífico volume, esse
cometa fundo
à cara. Que luzisse como um braço no espectáculo
do corpo. O corpo minado pelo
sistema do sono. E nesta luz, a fronte com o corno
soldada ao rosto. Os tremendos domínios do sangue, massa
fechada com uma áscua no centro.
A cabeça que emerge de um esplendor
tumultuoso, um
estrangulamento. E em baixo o coração bombeia
a água
estancada no escuro. O pavor do mundo.
“La beauté sbuvre les veines
et en meurt.” Uma estrela enorme, um sorvo.
O inferno é branco, tem um espelho dentro.
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