Herberto Helder
Herberto Helder de Oliveira foi um poeta português, considerado por alguns o 'maior poeta português da segunda metade do século XX' e um dos mentores da Poesia Experimental Portuguesa.
1930-11-23 Funchal
2015-03-23 Cascais
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obscuridade, sangue, carne inundada, la beltà?
um toque apenas, com que delicadeza!
dor e canção:
e mergulhas na água branda, e sais molhado nos dedos e nas pálpebras
e esgotas o mundo,
tu, o confuso, o queimado,
o luminoso:
ninguém mede aos palmos uma queimadura:
a parte interna da luz fervilha se lhe metem as unhas:
que potência e inclinação de cabeça!
que te toquem,
que te tornem pleno: mas se
de tão lenta mal te mova a força rítmica,
não te movas, antes
te doas todo, e te atravesse um sopro:
e a jóia violenta suba do deserto:
e a imagem estrita te revele bruscamente:
mais concreta a cada letra a morte sentada escrita:
porque a radiação bruscamente te revela no escuro:
canhoto,
absoluto
um toque apenas, com que delicadeza!
dor e canção:
e mergulhas na água branda, e sais molhado nos dedos e nas pálpebras
e esgotas o mundo,
tu, o confuso, o queimado,
o luminoso:
ninguém mede aos palmos uma queimadura:
a parte interna da luz fervilha se lhe metem as unhas:
que potência e inclinação de cabeça!
que te toquem,
que te tornem pleno: mas se
de tão lenta mal te mova a força rítmica,
não te movas, antes
te doas todo, e te atravesse um sopro:
e a jóia violenta suba do deserto:
e a imagem estrita te revele bruscamente:
mais concreta a cada letra a morte sentada escrita:
porque a radiação bruscamente te revela no escuro:
canhoto,
absoluto
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