Marina Colasanti
Marina Colasanti é uma escritora e jornalista ítalo-brasileira nascida na então colônia italiana da Eritreia.Viveu sua infância na Líbia e então voltou à Itália onde viveu onze anos.
1937-09-26 Asmara, Eritreia
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AO REDOR
Ao redor, a pele.
Que como a moeda
tem verso e reverso
onde só o verso reconhecemos
e chamamos por nome
pois ao reverso dizemos
carne.
Que como a folha
respira sem orificios
em toda sua lisa forma
incapaz porém
de clorofila e verde.
Que ao contrário do mar
é toda superficie
as suas funduras sendo
superficies secretas
Que como a água
que como o vento
se move sem ruído ou movimento
parada igual
e sempre irredutível.
A pele toma a forma
do corpo que contém?
Ou o corpo
dócil
à pele obedece?
Lisa ao olhar
embora as cicatrizes
a pele abriga o pó
e ao seu peso se entrega
e se desfaz.
Casca sensivel
que a faca fere
que a pedra rasga
que a força esmaga
a pele
não tem ferocidade.
É pele a unha
que da pele sai
ou ser estranho
que a pele abriga
como o areal
abriga a concha?
A pele não se deixa
penetrar por dedos.
A pele não cede à pele
mas com ela se magoa.
A pele
na pele
não deixa marcas.
E no entanto se rompe
para os olhos
o sexo
os orificios.
Se rompe?
Ou abre-se em texturas
e se permite conhecer aquilo
que interno
lhe é tão próximo
e distante?
Que como a moeda
tem verso e reverso
onde só o verso reconhecemos
e chamamos por nome
pois ao reverso dizemos
carne.
Que como a folha
respira sem orificios
em toda sua lisa forma
incapaz porém
de clorofila e verde.
Que ao contrário do mar
é toda superficie
as suas funduras sendo
superficies secretas
Que como a água
que como o vento
se move sem ruído ou movimento
parada igual
e sempre irredutível.
A pele toma a forma
do corpo que contém?
Ou o corpo
dócil
à pele obedece?
Lisa ao olhar
embora as cicatrizes
a pele abriga o pó
e ao seu peso se entrega
e se desfaz.
Casca sensivel
que a faca fere
que a pedra rasga
que a força esmaga
a pele
não tem ferocidade.
É pele a unha
que da pele sai
ou ser estranho
que a pele abriga
como o areal
abriga a concha?
A pele não se deixa
penetrar por dedos.
A pele não cede à pele
mas com ela se magoa.
A pele
na pele
não deixa marcas.
E no entanto se rompe
para os olhos
o sexo
os orificios.
Se rompe?
Ou abre-se em texturas
e se permite conhecer aquilo
que interno
lhe é tão próximo
e distante?
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