António Ramos Rosa
António Victor Ramos Rosa, foi um poeta, português, tradutor e desenhador. Ramos Rosa estudou em Faro, não tendo acabado o ensino secundário por questões de saúde.
1924-10-17 Faro
2013-09-23 Lisboa
457003
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Diálogo Imóvel
No quarto lavado
perfeito quadrado
— que diálogo branco
entre a flor e a lâmpada
Uma vida acesa
e branca
outra silêncio de rosa apagada
Que vem dizer o sol
entre a flor e a lâmpada
que vem dizer o poema
no silêncio da casa?
*
Eis a palavra que inicia
é limiar e lábio ainda mudo
e já nos abre o espaço
de ó silencioso e claro
todo o quarto se desenha
a janela entreaberta
a luminosa mancha do sol
a mão que escreve
nada muda
senão o silêncio que se ilumina
*
Qual é o coração da casa?
Será o punho que palpita, mudo?
A flor diz o perfume do silêncio
A lâmpada confirma estática
a mão que procura traduzir
o diálogo suspenso
e intérmino
O coração da lâmpada
é uma pequena raiz metálica
A flor tem estames amarelos
e folhas brancas
*
Uma haste e um caule
— uma vertical ao centro
surge da água ao dia
suspende a inocência e a graça
em pétalas
A lâmpada debruçada
envolta na campânula
— recolhe-se
como um punho
A flor é totalmente presente
*
Quando se apaga no punho
a vibração
— quando a mão suspende o gesto
curvo
e o silêncio não fala
todo o diálogo se perdeu
— ninguém viu a flor
ou ela está ausente
*
Se o desejo se acende
quando a corrente se propaga
por fios unidos
se a vontade se dobra
ao dúctil fascínio
da flor
— a graça se abrirá em pétalas
tudo será presença luminosa.
perfeito quadrado
— que diálogo branco
entre a flor e a lâmpada
Uma vida acesa
e branca
outra silêncio de rosa apagada
Que vem dizer o sol
entre a flor e a lâmpada
que vem dizer o poema
no silêncio da casa?
*
Eis a palavra que inicia
é limiar e lábio ainda mudo
e já nos abre o espaço
de ó silencioso e claro
todo o quarto se desenha
a janela entreaberta
a luminosa mancha do sol
a mão que escreve
nada muda
senão o silêncio que se ilumina
*
Qual é o coração da casa?
Será o punho que palpita, mudo?
A flor diz o perfume do silêncio
A lâmpada confirma estática
a mão que procura traduzir
o diálogo suspenso
e intérmino
O coração da lâmpada
é uma pequena raiz metálica
A flor tem estames amarelos
e folhas brancas
*
Uma haste e um caule
— uma vertical ao centro
surge da água ao dia
suspende a inocência e a graça
em pétalas
A lâmpada debruçada
envolta na campânula
— recolhe-se
como um punho
A flor é totalmente presente
*
Quando se apaga no punho
a vibração
— quando a mão suspende o gesto
curvo
e o silêncio não fala
todo o diálogo se perdeu
— ninguém viu a flor
ou ela está ausente
*
Se o desejo se acende
quando a corrente se propaga
por fios unidos
se a vontade se dobra
ao dúctil fascínio
da flor
— a graça se abrirá em pétalas
tudo será presença luminosa.
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