Matias Aires
Matias Aires Ramos da Silva de Eça foi um filósofo e escritor luso-brasileiro. É patrono da cadeira 6 da Academia Brasileira de Letras. Irmão de Teresa Margarida da Silva e Orta, considerada a primeira mulher romancista em língua portuguesa.
1705-03-27 São Paulo
1763-12-10 Lisboa
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Biografia
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Livros
Filho de um abastado negociante de São Paulo, José Ramos da Silva, que se distinguiu na luta contra os Franceses, quando estes atacaram o Rio de Janeiro. Em 1716 veio para Lisboa com o pai, que se instalara na cidade com grande opulência. Emigrante minhoto de origem modesta, José Ramos da Silva empenhava-se na nobilitação do nome, usando a sua fortuna, ao tornar-se com ela prestável a fidalgos com pouco dinheiro, com o objectivo de obter um título. Todas as suas tentativas, apesar da sua liberalidade, não lograram qualquer êxito. Depois de frequentar o célebre Colégio de Santo Antão, Matias Aires frequentou Artes e Direito na Universidade de Coimbra, de 1722 a 1723, ano em que obteve o grau de bacharel em Artes. Em 1727 foi envolvido num escândalo, ao golpear a língua de uma escrava, o que lhe valeu a pena de quatro anos de degredo no couto de Castro Marim. Mas em 17 de Agosto de 1727 é perdoado por D. João V, embora o escândalo tivesse deixado um rasto incómodo. Matias Aires sai do reino em 1728 e termina o seu curso de Direito em França, regressando a Portugal em 1733. Por morte do pai, ocorrida em 1743, herdou avultados bens e recebeu o cargo de provedor da Casa da Moeda, em que havia substituido o pai no ano anterior e do qual será afastado em 1761. Em 1751 casou-se, por procuração, com uma senhora aparentada com a nobreza, mas o casamento será dissolvido. De uma outra senhora, falecida em 1756, teve dois filhos. A vida de Matias Aires esta cheia de demandas contra uma irmã, Teresa Margarida da Silva e Orta, que lhe contestou os privilégios do morgado e a quem ele votou uma profunda inimizade. A sua ânsia de nobilitação levou-o a inserir cláusulas no testamento sobre a pureza de sangue para que se ilustrasse o morgado. Todas estas vicissitudes biográficas afectaram a sensibilidade de Matias Aires, cujo individualismo se choca com as convenções e os tabus sociais do tempo. Magoado, fechou-se, por vezes, num voluntário isolamento em que compôs as admiráveis Reflexões sobre a Vaidade dos Homens (Lisboa, 1752). A 3ª. edição das Reflexões (Lisboa, 1778) dá a lume, pela primeira vez, a Carta sobre a Fortuna. Nas Reflexões glosa com grande finura psicológica o omnia vanitas bíblico e expõe a uma crítica implacável o conceito da «nobreza de sangue», que contrapõe à nobreza de alma. Matias Aires é um mestre do estilo barroco e antecipa, sob certos aspectos, a sensibilidade romântica. Seu filho, Manuel Inácio, publicou O Problema de Arquitectura Civil (1770), desconhecendo-se o paradeiro de três obras suas inéditas, compostas em francês e latim, onde se revelam as suas preocupações iluministas e o seu interesse pelas ciências naturais e pela física.