Manuel da Silva Gaio
Manuel da Silva Gaio foi um poeta, teorizador e ensaísta português.
Coimbra
1934 Coimbra
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Poeta, teorizador e ensaísta, formou-se em Direito pela Universidade de Coimbra, cidade onde nasceu, mas em vez da advocacia optou por uma vida de burocrata, o que lhe deixava mais tempo para a criação literária e ensaística. No final da década de 80, depois de ver publicado o seu primeiro livro de poemas, Primeiras Rimas (1887), ligou-se à Revista de Portugal (1889-1892), dirigida por Eça de Queirós, autêntico ponto de encontro de duas gerações de escritores, a de 70 e a de 90, de que Silva Gaio era já um dos mais conceituados representantes. Com o seu livro de poesia seguinte, Canções do Mondego (1892), deu novo sentido a um movimento que já se havia esboçado em António Nobre e que Silva Gaio iria baptizar como neolusitanismo, movimento que proclamava a criação de uma poesia nacionalista e regionalista. Esse movimento poético, que viria a dominar toda a década de 90, assemelhava-se ao simbolismo. O seu principal objectivo era reavivar as tradições e as fórmulas literárias verdadeiramente autóctones, mas, ao mesmo tempo, introduzir-lhes inovações métricas e estilísticas.
Entre 1895 e 1896 foi co-director, juntamente com Eugénio de Castro, da revista Arte, Revista Internacional que procurava integrar Portugal nos movimentos de vanguarda europeus de literatura, arte e crítica. Nos primeiros anos do século XX escreveu a novela Últimos Crentes (1904) e o romance realista e naturalista Torturados (1911), onde aparecem retratados o próprio autor e o poeta açoriano Carlos de Mesquita, naquela que é considerada a sua melhor obra. Passado o período em que o neolusitanismo se mostrou influente, continuou ainda a publicar, não só livros de poemas — Novos Poemas (1906), Chave Dourada (1916), poema alegórico de inspiração simbolista, os poemas épicos Dom João (1924), O Santo (1927) e Sulamite (1928) — como também diversos ensaios de importância capital. Na sua poesia surge, tal como na dos outros poetas da corrente em que se inseriu, a angústia motivada pela passagem do tempo, a inquietação religiosa, o amor enquanto fatalidade e causa de morte, a predilecção pela estação do Outono. Manuel da Silva Gaio dedicou à nova geração de autores portugueses vários estudos críticos e biográficos: Moniz Barreto (1894), Eugénio de Castro (1928) e João de Deus (1930). Como ensaísta publicou ainda Eça de Queirós (1919) e Os Vencidos da Vida (1930), além de estudos sobre Bernardim Ribeiro e Cristóvão Falcão. A sua restante obra reparte-se pelo conto e pelo drama. No conto destaca-se A Dama de Ribadalva (1903), enquanto no drama sobressaem as peças A Volta da Índia (1898) e Encruzilhada (1903). Apesar de nunca ter atingido a plenitude artística em nenhum dos géneros a que se dedicou, Manuel da Silva Gaio exerceu grande influência, especialmente a nível ideológico, junto dos seus contemporâneos, permanecendo ainda hoje como um dos vultos mais significativos da sua época e da literatura finissecular