Luís Amaro
poeta, editor, bibliófilo e investigador português
1923-05-05 Aljustrel
2018-08-24 Lisboa
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[Luís Amaro por Luís Manuel Gaspar]Poeta e investigador literário. Autodidacta, estreou-se aos doze anos no semanário Ala Esquerda, de Beja, cidade onde não tardou a viver, empregado no Diário do Alentejo, na Biblioteca Municipal e, depois, já em Estremoz, nos Brados do Alentejo, de que em Beja fora correspondente. Radicado em Lisboa (Setembro de 1941), trabalhou na Livraria Portugália, ao tempo verdadeiro alfobre intelectual, de que nasceria, autónoma, a Portugália Editora, e nas duas casas totalizou a permanência de cerca de trinta anos. Foi um dos fundadores da revista de poesia Árvore (1951-53). Ao longo de décadas, colaborou com poesia nas mais diversas publicações (Portucale, Atlântico, Seara Nova, Távola Redonda) e também em prosa no suplemento «Artes e Letras» do Diário de Notícias. Por meados de 1970, ingressa nos quadros da Fundação Calouste Gulbenkian, ao serviço da Colóquio; cindida em duas esta revista, ocupa sucessivamente na Colóquio/Letras os cargos de secretário (1971-86) e director-adjunto (1986-89), lugares que lhe granjeariam merecido prestígio, pela isenção profissional e rigoroso conhecimento da realidade literária portuguesa desde finais do século XIX. Espírito aberto e disponível, ainda quando torturado por questões do foro existencial, a sua poesia caracteriza-se «por um tom muito discreto e vagamente angustiado, que não chega ao confessionalismo e se mantém numa pessoal reserva quase solipsista e desencantada», segundo escreveu Jorge de Sena. Autor de obra breve, depurada, intimista (mas, à maneira de Régio ou Mário Beirão, capaz do sentido do trágico), servida por um rigoroso léxico de harmónicas plurais, onde Gastão Cruz detectou as presenças tutelares de Brandão, Pascoaes e Botto. Elaborou bibliografias de José Régio, da Presença e de autores presencistas, dos anos quarenta, de Jacinto do Prado Coelho, de meio século de literatura portuguesa (resumo, 1936-86), e, recentemente, de David Mourão-Ferreira; colaborou, com revisão textual, nas Obras Completas de M. Teixeira-Gomes (ed. do centenário, 12 vols.), na Obra Completa de Cesário Verde (ed. Joel Serrão) e também, de igual modo, em edições póstumas de Adolfo Casais Monteiro, Sílvio Rebello, Anrique Paço d' Arcos, Régio, M. Beirão. Ainda na qualidade de revisor literário, deu reconhecido contributo a este Dicionário (vols. II e III). O poeta está representado em várias antologias, a primeira das quais, em 1958, é de J. de Sena. Doou a sua vultosa correspondência passiva ao Arquivo de Cultura Portuguesa Contemporânea da Biblioteca Nacional.