Silveira Neto

1872-11-04
1942-12-19
1959
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Pórtico

Versos — mendigos de mantos reais —,
Ide, que vos esperam sete espadas.
Fugi aos olhos de ouros senhoriais:
Antes a prece aldeã pelas estradas...

Ide arrastar o meu burel de monge;
(Quanta saudade esse burel traduz...
Se encontrardes o Mundo tende-o longe,
Porque os seus braços são braços de cruz.

Direis a uns Olhos — Olhos onde a sorte
Pôs meu Ser a rezar, como em altares —
Que me vou de caminho para a Morte.

E a Morte... essa verá, na triste hosana
Do poente roxo que orla os meus olhares,
Como anoitece uma existência humana.

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