D Roga

Por entre a tua escuridão,
Dois olhos brilham mais negro,
Nas veias, espesso e em ebulição,
Teu sangue não mais arde vermelho.

Mais uma vez, a agulha viola a carne,
Com a alegria de quem impala um coração,
O sorriso nos lábios roxos do enforcado,
A gargalhada do cadáver na exumação.

Sonhos, tal cristais que se quebram,
Tua fome saciada pelo vidro partido,
Dormência nos membros gangrenosos,
Larvas em defunto apodrecido.

Como um peixe que mordeu anzol,
Forçado sorri, arrastado para terra,
E ri ao ver metal em brasa, possante,
Que pulsa e na carne se enterra.

Solidão alimenta a melancolia,
A agulha cura a dor em alegria,
Outra promessa nunca cumprida,
Morte não é objectivo da vida.

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