Rotina

São seis horas da manhã
e acordo para a vida.
Vida... ou pura força de expressão?
São seis horas da manhã
e acordo para aquilo que subentende-se vida.
O sol dourado começa a anunciar a sua presença
no horizonte oposto àquele onde ontem se pôs.
Dez horas se passaram e cá está ele de novo.
Meu Deus, viver é repetir sempre as mesmas coisas
é sempre o mesmo sol
é sempre seis horas e eu acordo
é sempre o relógio apático, automático, como não deixaria de ser
berrando estridente:
SÃO SEIS HORAS, SÃO SEIS HORAS! ACORDA!
O SOL JÁ VAI NASCER!
No calendário se marca um dia a mais,
mas na verdade todos os dias são o mesmo dia,
todas as horas a mesma hora
todos os segundos, renitentes, ficam batendo no mesmo lugar.
Tudo anda em círculos, como a terra, como a lua em torno da terra,
como a terra em torno do sol
como o ponteiro dos segundos, na sua órbita: relógio.
São seis horas da manhã
e morro para o dia: volto a dormir e esqueço do sol.

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