Cana

É o começo da safra o corte na pernabote de jararacaguizo de cascavel.

É o frio da madrugadaa azia da tardecalor dos infernosa garapa gelada.

É o moer da moendaa pinga benditao ganho do donogavião de atalaia.

É a dor nas costasventania no rostorabeira de caminhãoo barranco da estrada.

É no fio do facão bagaço da canatouceira de socaaçúcar mascavo.

É a fumaça nos olhosfuligem no arum golpe de vento cheiro do restilo.

É a menina em casavelando a caçulaa doçura da canao travo da pinga.

É o suor escorrendoa vida vertendoa moenda moendoa cãibra da noite.

É o pouco sonocagando na moitao choro do filhoamando em silencio.

É a cachaça diária o tapa na filhao ranho do netopileque de domingo.

É uma curva de nívelestrepe na mãoum caco de dentepedaços de gente.

É um jeito de corpochuva de ventoo barro vermelho ruflar de lagarto.

É o bicho-de-péo coró da madeirapedra de fogochuva de estrelas.É o olho-dáguaum pé de ventoo fogo de encontro a coivara.

É uma manga de veza broca da canao berne na carneo sol no cangote

É a saudade, é a saudade da lida com porcodo ciscar da galinhada horta de couveda polenta em feta é a saudade, é a saudadeda panceta da porcada canga do boida pamonha na palhada canjica da tardeé a saudade, é a saudadedo leite de éguada curva do rioda prosa da noite do pé-de-molequeé a saudade, é a saudadedo fumo de corda pão de torresmo do borralho do fornoreza e catira.é a saudade , é a saudade.
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