Rui Costa

Poeta, exerceu advocacia em Lisboa e Londres, fez mestrado em Leeds e preparou doutoramento em Saúde Pública no Rio de Janeiro. Integrado bandas de música bombástica e sarcástica como os Mana Calórica.

1972-00-00 Porto
2012-01-04 Vila Nova de Gaia
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A casa mexia-se sozinha ao redor das mãos

A casa mexia-se sozinha ao redor das mãos.
Era fria, de malas vazias a remendar a base
e dissemos pedra sobre pedra sobre pedra.
morreram: os meus amigos vinham jantar
com a terra, E não havia nada para lhes dar
a não ser a máquina de erguer janelas rente
aos ombros. Aquecia-se água, descia junto à pele
o lume: apertando os ossos, imaginando o respirar
mais fino. As colheres eram pequenas fantasias
do sono, animais que abriam muito os olhos
junto à fome. Os antigos comunicavam sentimentos
— o método da penumbra que escapara à melancolia aberta
por fora. Mas por fora já não havia nada:
e nós amamos a casa como um osso
no interior da
pedra.

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