Ronchamp
Um pedaço de parede
simplesmente, só
você
e eu
poderíamos ao vê-lo adivinhar
seu nome mineral.
Torto, meio branco,
meio cinza concreto pedaço
de ideia
de um homem
de apelido
vagamente animal
de pássaro pensativo
de pássaro que cisca buscando
quem
sabe
o quê
um brilho um lampejo o que não se vê um
pedaço de pedra
inventada;
outro dia estiveram lá outros
que não nós
diz que
quebraram um vitral daqueles que o
filme em cores registrou
num ato
de inimaginável
subversão nossa senhora
puniu
– a câmera sumir daquele jeito
sei lá
quando
estivemos nós
éramos nós
e a japonesinha sorridente
saída do nada para lugar algum
e lá ficou
para sempre sentada num monturo de grama
e tudo o que dali
saiu nossa senhora
não viu
– o disco rodando
na vitrola tocando
Something
seus passeios de bicicleta
minhas meias listradas
seus desenhos tão bons os meus tão ruins as
camisinhas numa lata de biscoitos
dinamarqueses era
um luxo o bolo da Maria era
o único final doce
daquelas tardes tão iguais
ter dezoito ou vinte anos e ler poemas
de Neruda e achar
normal o amor
não durar mais
que umas estações
de trem
num mapa.
simplesmente, só
você
e eu
poderíamos ao vê-lo adivinhar
seu nome mineral.
Torto, meio branco,
meio cinza concreto pedaço
de ideia
de um homem
de apelido
vagamente animal
de pássaro pensativo
de pássaro que cisca buscando
quem
sabe
o quê
um brilho um lampejo o que não se vê um
pedaço de pedra
inventada;
outro dia estiveram lá outros
que não nós
diz que
quebraram um vitral daqueles que o
filme em cores registrou
num ato
de inimaginável
subversão nossa senhora
puniu
– a câmera sumir daquele jeito
sei lá
quando
estivemos nós
éramos nós
e a japonesinha sorridente
saída do nada para lugar algum
e lá ficou
para sempre sentada num monturo de grama
e tudo o que dali
saiu nossa senhora
não viu
– o disco rodando
na vitrola tocando
Something
seus passeios de bicicleta
minhas meias listradas
seus desenhos tão bons os meus tão ruins as
camisinhas numa lata de biscoitos
dinamarqueses era
um luxo o bolo da Maria era
o único final doce
daquelas tardes tão iguais
ter dezoito ou vinte anos e ler poemas
de Neruda e achar
normal o amor
não durar mais
que umas estações
de trem
num mapa.
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