Pós-convalescença
O miúdo doente.
Fechado em si numa visão
com a língua dura como um chifre.
Senta-se de costas voltado para uma seara num quadro.
A ligadura à volta do queixo parece ser a de uma múmia.
Os óculos são grossos, de mergulhador. Não há resposta e nada
é repentino como um telefone que toca a meio da noite.
Mas ali o quadro. Uma paisagem que nos faz sentir
em paz mesmo se o trigo é uma tempestade de ouro.
Azul, terrível azul e nuvens em andamento. Debaixo nas ondas
amarelas
camisas brancas velejando: malhadores – não projectam sombras.
Na extremidade do campo um homem parece olhar nesta direcção.
Um chapéu largo esconde o seu rosto na sombra.
Parece olhar para a figura negra aqui na sala, como
se quisesse ajudar.
A pouco e pouco o quadro alarga-se, começa a abrir por detrás
do miúdo que está doente
e mergulhado em si. Lança faúlhas e faz ruído. Cada
espiga de trigo irradia luz para o despertar!
O outro homem – no trigo – faz um sinal.
Aproxima-se.
Ninguém se apercebe.
Fechado em si numa visão
com a língua dura como um chifre.
Senta-se de costas voltado para uma seara num quadro.
A ligadura à volta do queixo parece ser a de uma múmia.
Os óculos são grossos, de mergulhador. Não há resposta e nada
é repentino como um telefone que toca a meio da noite.
Mas ali o quadro. Uma paisagem que nos faz sentir
em paz mesmo se o trigo é uma tempestade de ouro.
Azul, terrível azul e nuvens em andamento. Debaixo nas ondas
amarelas
camisas brancas velejando: malhadores – não projectam sombras.
Na extremidade do campo um homem parece olhar nesta direcção.
Um chapéu largo esconde o seu rosto na sombra.
Parece olhar para a figura negra aqui na sala, como
se quisesse ajudar.
A pouco e pouco o quadro alarga-se, começa a abrir por detrás
do miúdo que está doente
e mergulhado em si. Lança faúlhas e faz ruído. Cada
espiga de trigo irradia luz para o despertar!
O outro homem – no trigo – faz um sinal.
Aproxima-se.
Ninguém se apercebe.
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