Édrio

Uma sombra entra no bar
Cabelos escorridos, terno barato
Olhos empapuçados e perdidos

Måos que escondem vil tremor
Dentes trincados de medo
E o gesto disfarçado, casual.

O gole. E o corpo arrepia-se numa gastura
Treme da cabeça aos pés. Os olhos inchados voltam para fora
Os olhos piscam ante o sol forte da rua
Em frente ås torres brancas
Da catedral...
Cidade maldita!

Duas torres e um rosto macilento, eu vejo
O jardim sujo em frente, os ônibus, a multidåo
Ah! A química branca e frenética!

Maldita! Maldita!

Escadas de mármore dançando ao sol
Tempo bêbado, ângulos estranhos
Cadedrais tortas da vida.

O solítário sorri dois dentes apenas
Monumental ironia. Escarnece do mundo
E a escadaria se contorce, subindo...

Alguém entende? A catedral tonta
Da cidade maldita. Os insetos da rua
Correm em fuga incerta.
A dor de Deus bebe o mundo.

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