Olha aquela negra

Olha aquela negra, turbeculosa,
Estendida nas grama úmidas do canteiro do jardim.
A chuva e o vento caindo-lhe no corpo
Cansado da vida dos becos.

- Seu nome ?
- Pouco importa,
- Poderia ser Carlota
- ou outro qualquer.

Naquela negra, seminua, enferma,
Abandonada, o mundo só não sujou
A sua alma, que conserva a pureza inicial.

Nesta hora tardia da noite
O sono fechou as pálpebras da cidade,
Mas existem alguns olhos abertos
Vendo as luzes descendo sobre a negra
Que agoniza junto às rosas do canteiro do jardim.

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