Manuel Bandeira
Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho foi um poeta, crítico literário e de arte, professor de literatura e tradutor brasileiro.
1886-04-19 Recife, Pernambuco, Brasil
1968-10-13 Rio de Janeiro, Brasil
1882993
63
1774
Mancha
Para reproduzir o donaire sem par
Desse alvo rosto e desse irônico sorriso
Que desconcerta e prende e atrai, fora preciso
A mestria de Helleu, de Boldini ou Besnard.
Luz faiscante malícia ao fundo desse olhar,
E há mais do inferno ali do que do paraíso...
O amor é tão-somente um pretexto de riso
Para esse coração flutuante e singular.
Flor de perfume raro e de esquisito encanto,
Ela zomba dos que (pobres deles!) sem cor
Vão-lhe aos pés ajoelhar ingenuamente... Enquanto
Alguém não lhe magoar a boca de veludo...
E não a fizer ver, por si, que isso de amor
No fundo é amargo e triste e dói mais do que tudo.
1907
Desse alvo rosto e desse irônico sorriso
Que desconcerta e prende e atrai, fora preciso
A mestria de Helleu, de Boldini ou Besnard.
Luz faiscante malícia ao fundo desse olhar,
E há mais do inferno ali do que do paraíso...
O amor é tão-somente um pretexto de riso
Para esse coração flutuante e singular.
Flor de perfume raro e de esquisito encanto,
Ela zomba dos que (pobres deles!) sem cor
Vão-lhe aos pés ajoelhar ingenuamente... Enquanto
Alguém não lhe magoar a boca de veludo...
E não a fizer ver, por si, que isso de amor
No fundo é amargo e triste e dói mais do que tudo.
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