Louvação a André Breton

(A Mentira das Aparências Sensoriais)

A flor, o mar, o rosto de meu filho,
pão na mesa, o retrato de meu pai,
o circo, a vaca a olhar o pé de milho,
o azul da serra, a névoa que se esvai;

a igreja, o sino, o padre, o mapa, o trilho
sob a pedra que finge, mas não cai;
a pupila estrangeira do andarilho,
a carta sem razão que já não vai;

Judas, a queima, a Festa de Aleluia,
meus banhos de menino, a grota, a cuia,
bênçãos brancas da preta Juliana...

Nada disso, em verdade, eu vi no mundo?
Faltou-me a luz e aquele olhar profundo,
mais forte que a ilusão da raça humana?

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