Carlos Drummond de Andrade
Carlos Drummond de Andrade foi um poeta, contista e cronista brasileiro, considerado por muitos o mais influente poeta brasileiro do século XX.
1902-10-31 Itabira do Mato Dentro, Minas Gerais, Brasil
1987-08-17 Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil
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Assalto
No quarto de hotel
a mala se abre: o tempo
dá-se em fragmentos.
Aqui habitei
mas traças conspiram
uma idade de homem
cheia de vertentes.
Roupas mudam tanto.
Éramos cinco ou seis
que hoje não me encontro,
clima revogado.
Uma doença grave
esse amor sem braços
e toda a carga leve
que súbito me arde.
No quarto de hotel
funcionam botões
chamando mocidade
fogo, canto, livro.
Vem a quarteira
depositar a branca
toalha do olvido
insinuar o branco
sabão da calma.
A perna que pensa
outrora voava
sobre telhados.
Em copo de uísque
lesmas baratas
acres lembranças
enjôo de vida.
Ponho no chapéu
restos desse homem
encontrado morto
e do nono andar
jogo tudo fora.
A mala se fecha: o tempo
se retrai, ó concha.
a mala se abre: o tempo
dá-se em fragmentos.
Aqui habitei
mas traças conspiram
uma idade de homem
cheia de vertentes.
Roupas mudam tanto.
Éramos cinco ou seis
que hoje não me encontro,
clima revogado.
Uma doença grave
esse amor sem braços
e toda a carga leve
que súbito me arde.
No quarto de hotel
funcionam botões
chamando mocidade
fogo, canto, livro.
Vem a quarteira
depositar a branca
toalha do olvido
insinuar o branco
sabão da calma.
A perna que pensa
outrora voava
sobre telhados.
Em copo de uísque
lesmas baratas
acres lembranças
enjôo de vida.
Ponho no chapéu
restos desse homem
encontrado morto
e do nono andar
jogo tudo fora.
A mala se fecha: o tempo
se retrai, ó concha.
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