Louise Glück

Louise Glück

1943-04-22 New York
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Mãe e filho

Somos todos sonhadores; não sabemos quem somos.

Alguma máquina nos criou; a máquina do mundo, a constritiva família.
Então, de volta ao mundo, polidos por suaves chicotes.

Sonhamos; não lembramos.

A máquina da família: pelagem negra,
florestas do corpo materno.
A máquina da mãe: a cidade branca
dentro dela.

E antes disso: terra e água.
Musgo entre as pedras, pedaços de folha e grama.

E antes, células numa imensa escuridão.
E antes disso, o mundo velado.

É por isto que você nasceu: para me calar.
Células de minha mãe e de que pai, é a sua vez
de ser fundamental, de se tornar uma obra-prima.

Eu improvisei; eu nunca me lembro de nada.
Agora é sua vez de se deixar guiar;
é você quem exige saber:

Por que eu sofro? Por que sou ignorante?
Células numa imensa escuridão. Alguma máquina nos criou;

é sua vez de se dirigir a ela, de ficar perguntando
qual é meu propósito? Qual é meu propósito?
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