Calango

Passo, passo, passo.
Da parede me olha, curioso.
Balança a cabeça, num sim,
e anda, sinuoso,
indagando o que me move assim.
Também o vejo.
Seu jeito afirmativo me arrasta.
Mal equilibro minha massa
enquanto ele vai,
da parede a arvore da praça,
como se voasse pelo chão.
A cada pausa, reafirma o sim.
Mostra-me a língua, como troca,
e me pergunto como a nossa
vida humana se apresenta
ao lagarto que observo
a observar.

Salvador, 17/6/96

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