Oportunidade da Rosa
I
O Canto de João Moura
O toureiro gritava do centro da arena
e o cavalo dançava do fundo do medo.
II
Picasso desejava pintar uma praça
de touros ao tamanho natural, exato,
com Miúras de picos de agulhas, talhadas
por sobre o luzidio de negras montanhas.
Nos painéis do pintor se avizinham agouros:
em Guernica pintou Ele o triunfo do touro?
Repara que as arenas são rosas humanas
prontas para romper-se na fúria do sangue.
Se o sonho de Picasso não fosse um absurdo,
Manolete, decerto, em seus trajes de luzes,
recordando Linares, se daria ao touro:
faria Ele, outra vez, a faena da rosa?
III
Por que pomos no touro a evidência da espera,
nesse pombo da sorte, inocente em ser fera?
IV
No momento em que o corpo se veste de luzes
o calor de mortalhas aumenta a nudez.
V
Tragédia de "YIYO"
Na mortal lacerada do cravo na carne
do toureiro brotava a beleza brutal.
VI
Verei o dia em que o touro terá sua sorte,
na flor do ventre falso de ousada verônica?
O Canto de João Moura
O toureiro gritava do centro da arena
e o cavalo dançava do fundo do medo.
II
Picasso desejava pintar uma praça
de touros ao tamanho natural, exato,
com Miúras de picos de agulhas, talhadas
por sobre o luzidio de negras montanhas.
Nos painéis do pintor se avizinham agouros:
em Guernica pintou Ele o triunfo do touro?
Repara que as arenas são rosas humanas
prontas para romper-se na fúria do sangue.
Se o sonho de Picasso não fosse um absurdo,
Manolete, decerto, em seus trajes de luzes,
recordando Linares, se daria ao touro:
faria Ele, outra vez, a faena da rosa?
III
Por que pomos no touro a evidência da espera,
nesse pombo da sorte, inocente em ser fera?
IV
No momento em que o corpo se veste de luzes
o calor de mortalhas aumenta a nudez.
V
Tragédia de "YIYO"
Na mortal lacerada do cravo na carne
do toureiro brotava a beleza brutal.
VI
Verei o dia em que o touro terá sua sorte,
na flor do ventre falso de ousada verônica?
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