António Jacinto

António Jacinto

António Jacinto do Amaral Martins foi um poeta angolano. Jacinto ganhou conhecimento com sua poesia de protesto, e devido à sua militância política, foi exilado no Campo de Concentração de Tarrafal, em Cabo Verde, no período de 1960 a 1972.

1924-09-28 Luanda
1991-06-23 Lisboa
48222
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Monangamba

Naquela roça que não tem chuva
é o suor do meu rosto que rega as plantações;

Naquela roça grande tem café maduro
e aquele vermelho-cereja
são gotas do meu sangue feitas seiva.

O café vai ser torrado,
pisado, torturado,
vai ficar negro, negro da cor do contratado!

Negro da cor do contratado!

Perguntem às aves que cantam,
aos regatos de alegre serpentear
e ao vento forte do sertão:

Quem se levanta cedo? quem vai à tonga?
Quem trás pela estrada longa
a tipóia ou o cacho de déndén?
Quem capina e em paga recebe desdém
fubá podre, peixe podre,
panos ruins, cinqüenta angolares
porrada se refilares?

Quem?

Quem faz o milho crescer
e os laranjais florescer
— Quem?

Quem dá dinheiro para o patrão comprar
máquinas, carros, senhoras
e cabeças de pretos para os motores?

Quem faz o branco prosperar,
ter a barriga grande — ter dinheiro?
— Quem?

E as aves que cantam,
os regatos de alegre serpentear
e o vento forte do sertão
responderão:
— Monangambéée...

Ah! Deixem-me ao menos subir às palmeiras
Deixem-me beber maruvo, maruvo
e esquecer diluído nas minhas bebedeiras
— Monangambéée...
12836
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Isaac Alfredo
Poema muito profundo, retrata a dor do escravo trabalhar para o outro, neste caso o branco prosperar.
02/abril/2022
Sanito
Isso foi fantastico
15/outubro/2021
Arlindo
Peco ajuda para fazer analise critica interna e externa deste poema: estrutura, tematica e corrente literaria, ...
12/maio/2020
António Jacinto
Quero o sujeito poético do poema monangamba?
28/maio/2024
Gostei imeso do poema
29/janeiro/2017

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