Fazenda Dois Irmãos
Fazenda Dois Irmãos
para Antônio
no casamento
da árvore com a terra
a minha crença na vida
na sua sobrevivência
sem cuidados humanos
a reverência
aos elementos
no seu crescimento para o alto
serenamente imponente
o ensinamento vivo
de u`a meta
e um comportamento
no trabalho das raízes
e no vôo das folhas
a compreensão
de que aos pés deu-se o chão
a mente o infinito
no gosto do fruto
presença de água e mel
drink ligeiro dos pássaros
cheiro de infância
na minha saudade
Olhar léguas e mais léguas verdes
cercanias de matas, vento
cantando baixinho
no ouvido, na fazenda
da miaha infância
Tanto verde em redor do Morro Alto
lado a lado no topo
dois bambuzais solitários
irmãos companheiros
No céu rastos vermelhos
restos de sol
No ar o cheiro do mato
a transparência da noite invadindo
No centro do reino verde
o cavalo e eu
a descer a calmaria
da velha natureza
lentamente
O som do trotar de Cacique
nas pedras friinhas
u`a melodia pura
os meus desejos ocultos
os sonhos puros de criança
riquezas simples da infância
Sensação de cria da terra
de filha do vento
Impressão de ser folha
de ser mato
Certeza de ter brotado
de solo fértil
feito flor
Ah, os campos, os pastos
os córregos de água fresquinha
o curral, a casa grande, o quintal
a goiabeira perto da bica
o milharal e as jaboticabeiras
o prazer de beber com as mãos em concha
a água pura da cacimba
No parque das altas mangueiras
perto do córrego sombrio
a morada sagrada
das fadas, gnomos, duendes, sacis
o meu recanto predileto
repleto de mistério amigo
onde os sonhos conversavam comigo
E eu a comer cajamanga
verde, azedo, com sal, contemplando
a beleza rústica do engenho
cana, garapa, rapadura
A casa do vaqueiro
escondia em mim eu mesma:
ela era o cenário imaginário
de minhas estórias
de príncipes e princesas
No jardim da casa-grande
as rosas e os cravos
por meu pai cultivados
com tanto amor
Na escadaria dos fundos
a vista do Morro Alto
com os bambuzais irmãos
e o requeijão quente
da Lucinda, tentando a gente
Da varanda, a beleza vermeLha dos
enormes flamboaiãs, o curral do gado tratado
o leite gostoso, na hora tirado
Na janela do meu quarto
tinha sempre visita de um colibri
Não muito longe, no riacho
o ensaio dos sapos para a noturna sinfonia
Ah, fazenda querida
bordei você na lembrança
como foram no céu as estrelas bordadas
nas suas noites de verão
Guardei você, eom cuidado,
no pór do sol de Goiás
pra que todo dia sua presença reviva
e eu a enterre imortal
dentro de mim
para Antônio
no casamento
da árvore com a terra
a minha crença na vida
na sua sobrevivência
sem cuidados humanos
a reverência
aos elementos
no seu crescimento para o alto
serenamente imponente
o ensinamento vivo
de u`a meta
e um comportamento
no trabalho das raízes
e no vôo das folhas
a compreensão
de que aos pés deu-se o chão
a mente o infinito
no gosto do fruto
presença de água e mel
drink ligeiro dos pássaros
cheiro de infância
na minha saudade
Olhar léguas e mais léguas verdes
cercanias de matas, vento
cantando baixinho
no ouvido, na fazenda
da miaha infância
Tanto verde em redor do Morro Alto
lado a lado no topo
dois bambuzais solitários
irmãos companheiros
No céu rastos vermelhos
restos de sol
No ar o cheiro do mato
a transparência da noite invadindo
No centro do reino verde
o cavalo e eu
a descer a calmaria
da velha natureza
lentamente
O som do trotar de Cacique
nas pedras friinhas
u`a melodia pura
os meus desejos ocultos
os sonhos puros de criança
riquezas simples da infância
Sensação de cria da terra
de filha do vento
Impressão de ser folha
de ser mato
Certeza de ter brotado
de solo fértil
feito flor
Ah, os campos, os pastos
os córregos de água fresquinha
o curral, a casa grande, o quintal
a goiabeira perto da bica
o milharal e as jaboticabeiras
o prazer de beber com as mãos em concha
a água pura da cacimba
No parque das altas mangueiras
perto do córrego sombrio
a morada sagrada
das fadas, gnomos, duendes, sacis
o meu recanto predileto
repleto de mistério amigo
onde os sonhos conversavam comigo
E eu a comer cajamanga
verde, azedo, com sal, contemplando
a beleza rústica do engenho
cana, garapa, rapadura
A casa do vaqueiro
escondia em mim eu mesma:
ela era o cenário imaginário
de minhas estórias
de príncipes e princesas
No jardim da casa-grande
as rosas e os cravos
por meu pai cultivados
com tanto amor
Na escadaria dos fundos
a vista do Morro Alto
com os bambuzais irmãos
e o requeijão quente
da Lucinda, tentando a gente
Da varanda, a beleza vermeLha dos
enormes flamboaiãs, o curral do gado tratado
o leite gostoso, na hora tirado
Na janela do meu quarto
tinha sempre visita de um colibri
Não muito longe, no riacho
o ensaio dos sapos para a noturna sinfonia
Ah, fazenda querida
bordei você na lembrança
como foram no céu as estrelas bordadas
nas suas noites de verão
Guardei você, eom cuidado,
no pór do sol de Goiás
pra que todo dia sua presença reviva
e eu a enterre imortal
dentro de mim
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