Meu Signo

Quatorze dias por andar janeiro,
Ano da graça de cinqüenta e sete,
Vim ao mundo levando um bofete
Para chorar o meu pesar primeiro.

Segue meus passos signo agoureiro,
E a ventura, vilíssima vedete,
Armada de punhal e de gilete,
Quer me matar pois não me quer herdeiro.

Quando nasci, o céu anuviou-se,
Um cipreste nasceu, ua flor murchou-se;
O sino da matriz dobrou sem fim.

Pálida a lua despencou, minguante,
E a maré, no refluxo da vazante,
Buscou os mares pra fugir de mim.

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