António de Navarro

poeta moçambicano

1902-11-09 Vilar Seco
1980-05-20 Lisboa
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Poema IV

Ópera humana...
Onde o cantor é um operário
A construir e a destruir:
Cria ruínas e, a seu lado,
Ergue um castelo ao imaginarão,
Erguido no presente com a sombra no passado
E para a luz sombria do futuro.
E, enfim, lá canta a sua música
Feita de carne ou lama,
De pus ou chaga, de sorriso ou lágrima...
O instrumento e o palco
Somos nós
E o pensamento da obra nós julgamos
O nosso pensamento.
Mas ele,
Só ele sabe de cor o seu papel.

...Os ramos
Duma árvore partida
Parecem perguntar ao vento:
Aonde vamos?
Aonde foi a nossa vida?!

Pergunto ao pensamento: aonde vou?
Responde, idealizando um novo plano

Topográfico: fica a tua espera;
Diz o silêncio: tu és só o teu inesperado!

Parecem perguntar: aonde vamos,
Aonde foi a nossa vida?!
. . .Os ramos
Da árvore partida!

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