José de Anchieta
São José de Anchieta foi um padre jesuíta espanhol, um dos fundadores da cidade brasileira de São Paulo. Foi beatificado em 1980 pelo papa João Paulo II e canonizado em 2014 pelo papa Francisco, sendo conhecido como o Apóstolo do Brasil.
1534-03-19 San Cristóbal de La Laguna, Espanha
1597-06-09 Anchieta, Espírito Santo, Brasil
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Na Festa de São Lourenço
2o. ATO
No 2o. ato entram três diabos, que querem destruir a aldeia com
pecados, aos quais resistem São Lourenço e São Sebastião e o Anjo
da Guarda, livrando a aldeia e prendendo os diabos, cujos nomes
são: Guaixará, que é o rei; Aimbirê e Saravaia, seus criados.
Guaixará — (...)
Abá, serã, xe jabé? Quem, como eu?
Ixé serobiaripyra, Eu sou conceituado,
xe anangusú mixyra, sou o diabão assado,
Guaixará serímbae, Guaixará chamado,
Kuépe imoerapoanimbyra. por aí afamado.
(...)
Moraséia e ikatú, É bom dançar,
jeguáka, jemopiránga, adornar-se, tingir-se de
vermelho,
samongy, jetymanguánga, empenar o corpo, pintar as
pernas,
jemoúna, petymbú, fazer-se negro, fumar,
karaí moñamomoñánga... curandeirar...
Jemoyrõ, morapití, De enfurecer-se, andar
matando,
joú, tapúia rára, comer um ao outro, prender
tapuias,
aguasá, moropotára; amancebar-se, ser desonesto,
mañána, syguarajy espião, adúltero
— naipotári abá sejára. — não quero que o gentio
deixe.
Angarí Para isso
ajosúb abá koty, convivo com os índios,
texerorobiár, ujábo. induzindo-os a acreditarem em
mim.
Oú teñé xe peábo Vêm inutilmente afastar-me
"abaré" jába, kori, os tais "padres", agora,
Tupã rekó mombeguábo. apregoando a lei de Deus.
(...)
Saravaia — (...)
Chama quatro companheiros, que ajudem:
Tataurána, Tataurana,
erú ke nde mosurána! traze a tua muçurana!
Urubú, Jaguarusú, Urubu, Jaguaruçu,
ingapéma be perú! trazei também a ingapema!
Kaburé, jorí eñána Caborê, vem correndo
tobajára tiaú! comer os inimigos!
Acodem todos quatro, com suas armas, e dizem:
Tataurana — Ko xe musuranusú. Aqui está a minha muçurana
grossa.
Taú korí ijybapuéra, Eu lhe comerei os braços,
Jaguarusú juguéra, Jaguaruçu o pescoço,
iakanguéra Urubú, Urubu sua caveira,
Kaburé setymambuéra. Caborê as suas pernas.
Urubu — Ko aikó, Aqui estou,
syguepuéra tarasó vou levar as suas tripas e
bofes
iñyambebúia abé, para minha velha sogra.
xe raixó guaibi supé. Veio também a panela,
Oubé senaempepó, cozerão à minha vista.
tomoji xe renondé.
Jaguaruçu — Kobé ingape koatiára, Aqui está também a ingapema
listrada,
tajakáng mombúk murú. para quebrar-lhes as cabeças.
Iaputuúma taú. Comerei os seus miolos.
Xe aguaraguasú, jaguára. Sou o guará, a onça.
Xe jaguareté iporú! Sou jaguaretê antropófago!
Caborê — Kueisé ko aporapití, Andei por aqui derrotando,
ajurujúba jukábo, matando franceses,
uiñemoerapoangatuábo. para tornar-me famoso.
Tasó nde pyri, korí, Irei a teu lado, agora,
aipó tubixába guábo. devorar estes chefes.
(...)
Imagem - 00570010
In: ANCHIETA. Poesias: manuscrito do século XVI, em português, castelhano, latim e tupi. Transcrições, trad. e notas M. de L. de Paula Martins. São Paulo: Comissão do IV Centenário da Cidade, 1954.
NOTA: Tradução da parte em tupi, por M. de L. de Paula Martin
No 2o. ato entram três diabos, que querem destruir a aldeia com
pecados, aos quais resistem São Lourenço e São Sebastião e o Anjo
da Guarda, livrando a aldeia e prendendo os diabos, cujos nomes
são: Guaixará, que é o rei; Aimbirê e Saravaia, seus criados.
Guaixará — (...)
Abá, serã, xe jabé? Quem, como eu?
Ixé serobiaripyra, Eu sou conceituado,
xe anangusú mixyra, sou o diabão assado,
Guaixará serímbae, Guaixará chamado,
Kuépe imoerapoanimbyra. por aí afamado.
(...)
Moraséia e ikatú, É bom dançar,
jeguáka, jemopiránga, adornar-se, tingir-se de
vermelho,
samongy, jetymanguánga, empenar o corpo, pintar as
pernas,
jemoúna, petymbú, fazer-se negro, fumar,
karaí moñamomoñánga... curandeirar...
Jemoyrõ, morapití, De enfurecer-se, andar
matando,
joú, tapúia rára, comer um ao outro, prender
tapuias,
aguasá, moropotára; amancebar-se, ser desonesto,
mañána, syguarajy espião, adúltero
— naipotári abá sejára. — não quero que o gentio
deixe.
Angarí Para isso
ajosúb abá koty, convivo com os índios,
texerorobiár, ujábo. induzindo-os a acreditarem em
mim.
Oú teñé xe peábo Vêm inutilmente afastar-me
"abaré" jába, kori, os tais "padres", agora,
Tupã rekó mombeguábo. apregoando a lei de Deus.
(...)
Saravaia — (...)
Chama quatro companheiros, que ajudem:
Tataurána, Tataurana,
erú ke nde mosurána! traze a tua muçurana!
Urubú, Jaguarusú, Urubu, Jaguaruçu,
ingapéma be perú! trazei também a ingapema!
Kaburé, jorí eñána Caborê, vem correndo
tobajára tiaú! comer os inimigos!
Acodem todos quatro, com suas armas, e dizem:
Tataurana — Ko xe musuranusú. Aqui está a minha muçurana
grossa.
Taú korí ijybapuéra, Eu lhe comerei os braços,
Jaguarusú juguéra, Jaguaruçu o pescoço,
iakanguéra Urubú, Urubu sua caveira,
Kaburé setymambuéra. Caborê as suas pernas.
Urubu — Ko aikó, Aqui estou,
syguepuéra tarasó vou levar as suas tripas e
bofes
iñyambebúia abé, para minha velha sogra.
xe raixó guaibi supé. Veio também a panela,
Oubé senaempepó, cozerão à minha vista.
tomoji xe renondé.
Jaguaruçu — Kobé ingape koatiára, Aqui está também a ingapema
listrada,
tajakáng mombúk murú. para quebrar-lhes as cabeças.
Iaputuúma taú. Comerei os seus miolos.
Xe aguaraguasú, jaguára. Sou o guará, a onça.
Xe jaguareté iporú! Sou jaguaretê antropófago!
Caborê — Kueisé ko aporapití, Andei por aqui derrotando,
ajurujúba jukábo, matando franceses,
uiñemoerapoangatuábo. para tornar-me famoso.
Tasó nde pyri, korí, Irei a teu lado, agora,
aipó tubixába guábo. devorar estes chefes.
(...)
Imagem - 00570010
In: ANCHIETA. Poesias: manuscrito do século XVI, em português, castelhano, latim e tupi. Transcrições, trad. e notas M. de L. de Paula Martins. São Paulo: Comissão do IV Centenário da Cidade, 1954.
NOTA: Tradução da parte em tupi, por M. de L. de Paula Martin
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