Travessia

Duvidas
devoram a lava derramada
e sulcos há agora no lugar por onde
ainda ontem jorravam
rios de incandescências

Leio-me nas marcas
impressas pela torrente
e saudade é o que eu sinto já

Entre as duas margens
sente-se a corrente e atravessa-la
está ainda inscrito
no ímpeto que me lança à margem de lá.

Vejo-me de branco imprimindo as marcas
dos meus pés na areia de um outro lugar…
mas é tão fugaz essa imagem branca
de pés caminhando ao longo da praia
como se uma onda invadindo a orla
de manso levasse as marcas e o trilho
desenhado em sonhos que eu quis sonhar.

Aqui, nesta margem
onde a sós me deito com o que sonhei
propaga-se em ondas o tremor do um vulcão
que invade em silencio o chão que é o meu
e deixo-me ficar quieta à escuta do que agora
vibra e ecoa em mim.

Duvidas e vontades, escavam meu peito,
lanço o meu olhar lá para outra margem
esperando um sinal, o derradeiro aceno
que não sei se virá, e não sei se o quero
e se vier não sei o que me trará,
sei que vou ficar e imprimir
pegadas nas areias finas do meu frio mar.

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