Carl R.S

Carl R.S

Atualmente cursando licenciatura em filosofia, desenvolve trabalho autoral transitando por alguns gêneros textuais, principalmente com foco na escrita experimental, . Suas principais experiências são no campo das artes visuais (artes plásticas, audío visual, exposição, contra regragem, cenografia).

1976-11-23 Aracaju-SE
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Ecos do sem corpo



De fato! Há mudança com a contingência das coisas.

Como poderia eu aprisionar o tempo

Ou determinar o ser de alguma forma, ou a forma de algum ser?

Se eu mesmo em minha instabilidade

Já não sou mais o que pensara antes.

 
Acordo e já não sou!

Nem corpo, nem mente.

Nada mais que a voz que fala em mim.

Que ecoa em mim, eco entre paredes.

Pensamentos presos em uma caixa de ossos.

Vão-se até sumir!

 
Então novamente vem o indizível

e reaparece do nada movido por não sei o que.

Tanta gente dentro da gente

No entanto estou só!

 
Vazio, oco, oco no cântaro

e a cinza fria que antes existira já não é!

É soprada para fresta do tempo,

esse espectro que inexiste,

O esquecimento. E a memória já não vem.

 
Tento retê-la, ancorá-la a imagem

como noção de existência.

Faço por medo de me perder.

Tenho um passado?

Quero existir, fixar a mim mesmo

mas existo antes, e já não sou.

 
Então...passo continuum!

E já fui engolido novamente

Já não sou, nem serei

Nem passado, nem passagem

Cronos a engolir, a me devorar.

 
As imagens que pincei?

Devoradas, perdidas!

Nada mais que estática e ausência.

 
Nisso a tentativa desesperada

de alcançar um horizonte cada vez mais distante

e a angustia a observar o absurdo de

cada construção humana. A mim, a todos!

 
Cada corpo, um emblema

cada gesto, um símbolo

cada pessoa multiplicada um hábito

cada simulacro um limite

 
cada caricatura uma intenção

cada persona, uma composição

cada retalho de gente uma incerteza.

E do desespero, cada espantalho que pensa ser.

 
Então...deslocado de alguma coisa

que penso me conter, e que a toda hora me ultrapassa

vejo que o corpo já não me suporta. Me subtraio ao averso.

 
Canta a ode na utopia do EU

e dança sob mim a múltipla existência

dança Dionísio sobre o túmulo do ocidente

dança como num louco bacanal

Me deseja sono, e diz...descansa em paz!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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