Adam_Flehr
Trazido há quase quatro décadas para a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, onde cresceu, estudou, graduou-se em Administração, apurou seu gosto pelas artes em geral, em especial por música e literatura.
O codinome da flor
Eu sou um homem comum
perdido na trilha errante
de meus passos incertos,
situado estatisticamente
entre linhas e colunas,
entre "zeros" e "uns",
onde sou contado,
remanejado,
deletado,
onde sou mais um...
***
Não sei qual o volume do planeta
nem a vazão dos oceanos,
mas trago um alforje aberto
na altura do peito,
do tamanho do mar...
***
Eu sou um homem qualquer
rabisco palavras na areia
na esperança de que perdurem,
passeio por cárceres disfarçados
de abrigo, de ofício, de gente
e já não disto nem mesmo
o que é desejo indômito
ou vida inclemente,
nesta estrada sinuosa,
ora aclive,
ora declive
em que ora caminho...
***
Desconheço a lei das doze tábuas
e alguns dos dez mandamentos,
mas trago no bolso um verso que conta
o trágico efeito
da ausência de amar...
***
Eu sou um homem banal
e cultivo sementes de sonhos
num jardim suspenso em meu peito,
entre girassóis, gardênias e gerânios
semeio quimeras, colho esperanças,
sou jardineiro do fortuito
e do trivial
ontem plantei uma roseira,
hoje desabrochou:
em poesia abriu um botão
***
Não sei o nome da rosa
mas arrisco o codinome da flor:
cálido e impenetrável
um botão abriu neste jardim
e o chamei de amor...
***