Carlos_Gildemar_Pontes
Escritor, Doutor em Letras. Professor de Literatura da Universidade Federal de Campina Grande, Editor da Revista Acauã.
A TARDE CAI
A tarde cai como areia
Do alto da duna incendeia
O sol em lentas imagens
A tarde cai como pedra
No meio das engrenagens
Do trem que vem do futuro
A tarde cai como uma virgem
Pálida e desesperada
Com medo da madrugada
A tarde cai como pássaro
Ensanguentando a cidade
Nas ruas do infinito
A tarde cai como Vera
No chão, no mar, no colchão
Mascando pedaços de lua
A tarde cai, mas levanta
E passa a noite acordada
Marcando o raiar do dia
A tarde cai como manga
Doce amarela silenciosa
No ruge ruge dos pássaros
A tarde cai como a tarde
Do alto do edifício
Na porta do restaurante
A tarde cai como água
Que escorre e volta pra terra
No leito das moças que sonham.