Janio Lima
Um garotinho sentado no silêncio inicial da vida
Brincando com as cigarras cantantes do final de tarde
Catando frutinhas sobre o capim esverdeado.
Sorrindo às vezes com as firulas dos saguins nas árvores.
Os prantos de uma vida à toa
Não, homens não choram!
Mas quantas vezes já chorei na imensidão escura do meu ser
Nas horas livres de investigação da alma;
Na fatia triste de algumas canções de Pink Floyd;
Como não chorar com “wish you were here”
Nas próprias cenas acidas do filme “O império do sol” onde o valente
Garotinho com seu kadilac prata caçando a porteira de sua gaiola.
E como o valente garotinho do filme aprendo uma nova palavra todo dia
Ponho-as em práticas e sufoco a mim mesmo
Aprendo a sonhar desaprendendo a viver
Sou ilustrador do tempo incomum,
incabível em mim mesmo corro todos os dias para o ponto de partida
o tiro não soa, então retorno ao santuário dos sonhadores.
Um dia era manhã ensolarada um passarinho apossou-se de mim,
Mas não era nada, avisou-me que para possuir asas
era preciso saber equilibrar-se nas alturas do mundo.
Um dia eu chorei, era noite de lua um cisco estelar entrou em meus olhos
Eu todo alumbrado naveguei em prantos.
O imaginário transgredindo alavancando as horas, trabalhando sem cessar
O mundo a dois passos da destruição e um homem não pode chorar.
Um pedaço de mim ainda é pranto o outro é solidão
Dos espaços que ainda não construir.