AurelioAquino

AurelioAquino

Deixo-me estar nos verbos que consinto, os que me inventam, os que sempre sinto.

1952-01-29 Parahyba
198358
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Primeiro verso à minha pátria

Primeiro verso à minha pátria

I

no peito da rua
a pátria existe
dilacerado vão
da vida em riste
meu verso
apenas trata da pátria
como da sofreguidão
das amantes tardias
minha terra
ainda não tem a compostura
que a pátria que eu sonhei dizia
ela escapa dos dedos
como o trigo mais fugaz
como o suor que acende
o riso dos canaviais
minha pátria é compulsória
com a mesma desfaçatez
das grandes auroras
antes que azul
melhor pensa-la e
dize-la ensolarada
assim em ondas
numa luz que coubesse
em todas as sombras
e que tivesse a semelhança
de um ato incalculado
onde o humano fosse a razão
de nunca se estar calado.

II

minha pátria geral
apesar de tanta
vive-me engasgada
na lembrança
como um sonho inconsumível
e uma vasta esperança
minha pátria
não diz na geografia
os quilos de meus irmãos
que consumia
apenas aflora-lhe à boca
um verbo intransponível
que teima em ser palavra
na sua face de míssil

III

minha pátria difere do povo
não pelos seus jeito e gestos
mas por tudo que em sua ação
teima em ter um gosto inverso
e mesmo nas vezes
em que é joões e marias
esconde nesgas de enfado
em ver-se ssim em teimosia
minha pátria consome
em seu mister mais avaro
o coração desses homens
que lhe sabem amarga

IV

mas no seu íntimo
como um grande escudo
minha pátria resguarda
a prontidão do seu futuro
em que estará liberta
de ser pátria em tudo
e habitará somente os homens
como um universo único
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