AurelioAquino

AurelioAquino

Deixo-me estar nos verbos que consinto, os que me inventam, os que sempre sinto.

1952-01-29 Parahyba
200881
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Excerto das notas acerca do presumido nada

a morte é apenas

uma notícia da vida

jeito de ser cometida

a nossa revelia

nem tão plena

que não seja avara

nem tão triste

que não seja comedida

porque de tê-la pelos tempos
nessa simbiose constrangida
ao homem descabe tê-la

como um avesso do nada

é que a morte sempre cabe
em cada desvão da madrugada
 
assim de sua feição

como viés da vida

nunca lhe cabe a semelhança
de um gesto comedido

é que lhe trai a razão

de ser sempre conteúdo

de um não atravessado

na garganta de tudo
 
a morte é apenas

um descomeço da vida

e continua seu exercício

como uma praça infinita

onde habitassem todos os ausentes
no tamanho exato

de todas as suas lidas
 
assim de sua gesta

em contrafazer a desmedida
nunca lhe sobra a confissão
de ser compreendida

é que de sua feitura

nas dobraduras da vida
nunca lhe sabe a homem

o que não é medido

antes lhe sobre a compleição
de um exato infinito.
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